* Gov. Rn 1900-1904; dep. Fed. 1904-1908; gov. Rn 1908-1914; dep. Fed. Rn 1915-929.
Alberto
Frederico de Albuquerque Maranhão nasceu em Macaíba a 2 de outubro de 1872,
filho de Amaro Bezerra de Albuquerque Maranhão e de Feliciana Maria da Silva
Pedrosa. Seu avô, o comerciante e senhor de engenho Fabrício Gomes Pedrosa, foi
o fundador da cidade de Macaíba e era uma das maiores fortunas do Rio Grande do
Norte. Vários de seus irmãos exerceram cargos de destaque na Primeira
República: Pedro Velho de Albuquerque Maranhão foi o principal líder político
do Rio Grande do Norte, presidente do Partido Republicano, governador do estado
de novembro a dezembro de 1899 e de setembro a novembro de 1890, deputado
federal de 1891 a 1892, novamente governador de fevereiro de 1892 a março de
1896, novamente deputado federal em 1896 e senador de 1896 a 1907; Augusto
Severo de Albuquerque Maranhão, além de inventor e pioneiro da avegação aérea,
foi deputado federal de 1893 a 1902; e Fabrício Gomes de Albuquerque Maranhão
foi presidente da intendência de Canguaretama (RN) de 1893 a 1913 e deputado
estadual de 1894 a 1912.
Formou-se
bacharel pela Faculdade de Direito do Recife em 1892 e nesse mesmo ano foi nomeado
promotor público de Macaíba (RN). De 1892 a 1896 foi secretário de Governo de
Pedro Velho. Em 1895 casou-se com a sobrinha Inês Barreto de Albuquerque
Maranhão,
filha de Juvino César Pais Barreto, pioneiro da industrialização no Rio Grande
do Norte, e de sua irmã Inês Augusta de Albuquerque Maranhão Pais Barreto. Em
1898 foi beneficiado pela reforma da Constituição Estadual de 1892, feita pelo
então governador Joaquim Ferreira Chaves, que lhe permitiria ser seu sucessor
no governo com apenas 26 anos. De fato, foi eleito governador do Rio Grande do
Norte na legenda do
Partido
Republicano Federal e tomou posse em 25 de março em 1900. Em sua administração
terminou a construção do Teatro Carlos Gomes, hoje Alberto Maranhão, e iniciou,
a partir da morte de seu irmão Augusto Severo em 1902, a Monumentalização de sua
família no espaço e no território do Rio Grande do Norte, agregando suas representações
ao imaginário da sociedade civil. Assim, tornou feriado estadual o dia da morte
do irmão e mudou o nome do município de Vila do Triunfo para Augusto Severo.
Continuou
também com a prática de assegurar oscontratos do governo para os familiares e
correligionários. Segundo ele próprio afirmou, na prática o estado continuava
sendo governado por seu irmão Pedro Velho, como relata Luís da Câmara Cascudo.
Após
encerrar o governo e 25 de março de 1904, foi eleito deputado federal pelo Rio Grande
do Norte na legenda do Partido Republicano Federal, substituindo Augusto Tavares
de Lira – genro de seu irmão Pedro Velho –, que, por sua vez, o substituiu no governo
do estado. Foi reeleito deputado federal em 1906. Na Câmara, fez parte da Comissão
de Diplomacia.
Em 1908
foi de novo eleito governador do Rio Grande do Norte na legenda do Partido Republicano
Federal. Em 1909 contratou um empréstimo externo em Paris de modo a poder
operar as grandes transformações na capital que havia planejado – note-se que
esse empréstimo só terminou de ser pago em 1954. Introduziu a luz elétrica em
Natal, instalou o serviço de bondes elétricos, saneou, pavimentou e embelezou
ruas, constituiu o serviço de remoção e incineração de lixo, refez a
canalização de água. Construiu o Hospital Juvino Barreto, hoje Onofre Lopes, a
Casa de Detenção, a Escola Normal, e reconstruiu o Teatro Carlos Gomes. Na
verdade, remodelou a capital do estado, construindo bairros completamente novos
e planejados, aos quais deu o nome de Tirol e Petrópolis (em homenagem a Pedro
Velho). Numerosas outras instalações foram também construídas no interior.
Todas essas obras e serviços foram mais uma vez contratados com familiares e correligionários,
beneficiados ainda com a monopolização de importantes setores da economia,
segundo Itamar de Souza.
Como em
1913 o fenômeno da “política das salvações” se estendeu ao Rio Grande do Norte
com o lançamento da candidatura a governador de Leônidas Hermes da Fonseca,
filho do presidente da República, apoiado pelo Partido Republicano Constitucional,
Alberto Maranhão não conseguiu fazer novamente de Tavares de Lira seu sucessor.
Foi então obrigado a apoiar Ferreira Chaves, que, uma vez eleito e empossado em
1914, passou a desmontar todo o aparato que havia possibilitado aos “pedrovelhistas”
dominar a cena política do estado. O novo governador extinguiu vários cargos
públicos e suspendeu os contratos que beneficiavam os “pedrovelhistas”, entre
os quais o monopólio do sal e da carne verde. Em 1916 reformou a lei eleitoral
do estado, tornando inelegíveis para o cargo de governador os parentes
consanguíneos e afins, até o terceiro grau, do governador em exercício ou do
governador anterior; e inelegíveis para deputado os magistrados, governadores,
funcionários federais remunerados e o chefe de polícia.
Assim,
Alberto Maranhão teve que se contentar com a Câmara dos Deputados. Foi eleito deputado
federal em 1915 pelo Rio Grande do Norte na legenda do Partido Republicano Federal,
e reeleito continuamente até 1929. Contudo, essa continuidade foi mantida a duras
penas, já que pelo menos quatro grandes crises ameaçaram seu decrescente poder político
e a posição dos “pedrovelhistas” no partido.
A
primeira crise aconteceu em 1918, quando Ferreira Chaves rompeu definitivamente
com os “pedrovelhistas”, impedindo Tavares de Lira de voltar ao governo do
estado. Ferreira Chaves denunciou então publicamente os abusos das administrações
de Tavares de Lira e de Alberto Maranhão. A segunda crise ocorreu em 1923,
quando da ascensão da facção do Seridó no partido. Nesse momento Ferreira Chaves
foi destituído do comando partidário, e José Augusto Bezerra de Medeiros selou um
acordo, chancelado pelo presidente daRepública Artur Bernardes, pelo qual os candidatos
e seus mandatos seriam preservados desde que “não criassem embaraços à política
e aos interesses do estado”, de
acordo
com José Antônio Spinelli.
A
terceira crise foi a de 1927, quando a facção do Seridó ameaçou novamente
Alberto Maranhão e João de Lira Tavares, irmão de Augusto Tavares de Lira, de
não serem incluídos na chapa do partido. Essa questão teve de ser resolvida
diretamente pela
intervenção
do presidente da República Washington Luís, que assegurou o acordo que garantiu
a candidatura dos dois “pedrovelhistas”. Na quarta crise, em 1930, Alberto Maranhão
cedeu finalmente sua posição no partido, sendo-lhe garantida como recompensa a
nomeação de delegado comercial do Rio Grande do Norte no Rio de Janeiro, cargo
que exerceu de janeiro até outubro de 1930.
Além da
política, Alberto Maranhão dedicou-se ao jornalismo. Até 1900 foi um dos redatores
do jornal A República. Durante o período em que esteve na Câmara, em 1919, foi
um dos redatores do jornal A Opinião. Após a Revolução de 1930, retirou-se para
sua propriedade em Parati (RJ), abandonando a política. Seu filho Juvino César
Pais Barreto Neto, usando o nome de Juvino Barreto Maranhão, foi prefeito de
Parati, enquanto ele próprio foi nesse período inspetor do Instituto de Açúcar
e do Álcool. Faleceu em Angra dos Reis (RJ) a 1º de fevereiro de 1944.
De seu
casamento com Inês Barreto de Albuquerque Maranhão, além do já citado Juvino Barreto
Maranhão, teve mais sete filhos.
Publicou Na
Câmara e na imprensa (1918) e Quatro discursos históricos(1918).
FONTE - Renato Amado Peixoto
FONTE - Renato Amado Peixoto
FONTES: CASCUDO, L. Governo; MAIA, A.Parlamentares; NONATO,
R.Bacharéis; Ordem(22/2/1944); SOUZA, I. República; SPINELLI, J. Da Oligarquia